1. Jorge e Alice, como é que se conheceram?
Eu e a Alice conhecemo-nos num acampamento de jovens, na Ericeira.
Eu e a Alice conhecemo-nos num acampamento de jovens, na Ericeira.
2. Como é que surgiu o desejo de partir para Moçambique? E como é que se prepararam para enfrentar uma nova cultura?
Em 2005 fomos convidados para visitar Moçambique e dar uma formação a líderes de igrejas sobre ministérios com crianças e jovens, utilizando o desporto. Esta visita de 2 semanas ajudou-nos a perceber a necessidade do país e mostrou-nos que os portugueses deviam fazer mais por países com quem tiveram uma história comum. Essa vontade foi evoluindo até termos sido desafiados a considerar Moçambique como um campo missionário para a nossa família. Depois de uma 2ª visita ao país em Junho de 2006, já com as nossas filhas e durante 1 mês, confirmámos que sentíamos mesmo que era aqui que Deus nos queria para O servir. Foram então 12 meses de preparação em que tivemos de levantar sustento, empacotar tudo o que tínhamos, colocar tudo num contentor e viajar para Moçambique em 28 de Junho de 2007. Entretanto líamos muitas noticias sobre o país, falávamos com muitas pessoas que tinham experiência de África, e deixámos Deus fazer o resto, que na verdade foi o principal.
3. Falem-nos um pouco das vossas rotinas por aí. Em que áreas estão envolvidos?
Estamos envolvidos em diversas áreas. O Jorge dá formação de ministérios com desporto aos lideres das igrejas, não somente em Moçambique, mas também nos outros países lusófonos, como aconteceu com Angola, no passado mês de Janeiro. Além disso ensina Ética Cristã e Princípios de Liderança, numa Escola fora da cidade. Está ainda envolvido com um orfanato, onde trabalha semanalmente com 35 adolescentes, num projecto de formação de vida. Além disso tem ainda a responsabilidade de preparar traduções de materiais para português, e a nível governamental faz parte de uma parceria com o governo para a educação através do desporto. A Alice, além de ser a melhor esposa e mãe do mundo, é ainda voluntária no Hospital Central de Maputo, onde desenvolve um projecto de apoio aos doentes do Serviço de Oncologia, providenciando-lhes actividades lúdicas, suplemento alimentar e acompanhamento espiritual. Tem um projecto de organizar uma escola dentro do hospital para as crianças que ficam privadas do ensino normal durante o internamente que pode durar entre 7 e 9 meses.
4. Qual tem sido a maior alegria da vossa vivência aí?
A maior alegria da nossa vivência aqui tem sido ver sorrisos nos rostos de quem ajudamos, ver a vontade de servir de alguns jovens cristãos que acompanhamos, e pensar que vale a pena ajudar os outros a terem esperança em Deus, que dará certamente a muitos aquilo que nunca terão durante as suas vidas.
5. E a maior luta?
A maior luta, penso que será a frustração de nem sempre conseguirmos fazer o que queremos e ajudarmos a todos, de nem sempre vermos resultados nalgumas pessoas, e particularmente de conseguirmos manter a nossa família incluindo as nossas filhas, animadas e contentes com aquilo que conseguimos ter e viver apesar das circunstâncias e distância a que estamos de Portugal e da família.
6. Como é que os adolescentes em Moçambique se divertem?
Os adolescentes em Moçambique divertem-se com o que têm. Aqui não há shoppings, playstations, internet ou TvCabo acessível a 90% dos adolescentes. Tirando o tempo que gastam a andar a pé para a escola ou em transportes muito precários, ainda têm de ajudar as famílias a buscar água e lenha. O pouco tempo que sobra é para jogar à bola na rua, ou infelizmente para entrar numa vida de consumo de álcool. Na cidade já existem alguns adolescentes com maior capacidade de compra, que pertencem a famílias mais abastadas, mas são apenas uma minoria.
7. Quais são as maiores diferenças entre a forma de vida cá e aí?
As diferenças são enormes, porque o dinheiro não chega para quase nada. Os salários rondam os 50 euros por mês, e uma família, com este valor, não pode fazer muito mais do que comprar arroz, farinha, óleo, algum frango de vez em quando, e pagar a muito custo os cadernos e lápis para a escola dos filhos. Os filhos não recebem “semanada”, pois o dinheiro mal dá para eles apanharem um transporte para a escola, pelo que muitos caminham mais de uma hora até à escola todos os dias. A maior parte não tem TV em casa, mas a maioria já tem electricidade.
8. Se pudessem dar um único conselho aos adolescentes de hoje, qual seria?
Penso que os jovens, a quem chamamos adolescentes, têm uma energia que podia ser aproveitada para coisas muito interessantes. Porque têm um futuro grande à frente, pensamos que seria muito útil que aproveitassem oportunidades para conhecer outras culturas e descobrissem como podem ajudar a mudar a sociedade. Vivemos numa época em que se dá muito valor ás coisas, onde nos classificamos por aquilo que temos e não por aquilo que somos. Os jovens deviam pensar que popularidade não é aquilo que conseguimos mostrar, ou a quantidade de amigos que conseguimos ter à nossa volta por causa daquilo que temos, mas por causa daquilo que somos. Os jovens adolescentes de Moçambique não têm nada, mesmo assim conseguem ser felizes. Aqueles que têm um relacionamento pessoal com Deus, não têm vergonha de testemunhar aos amigos a sua fé, e até posso dizer que são aqueles que mais amigos levam à igreja. A sua energia é canalizada para ajudar os outros a serem também felizes.
Estamos envolvidos em diversas áreas. O Jorge dá formação de ministérios com desporto aos lideres das igrejas, não somente em Moçambique, mas também nos outros países lusófonos, como aconteceu com Angola, no passado mês de Janeiro. Além disso ensina Ética Cristã e Princípios de Liderança, numa Escola fora da cidade. Está ainda envolvido com um orfanato, onde trabalha semanalmente com 35 adolescentes, num projecto de formação de vida. Além disso tem ainda a responsabilidade de preparar traduções de materiais para português, e a nível governamental faz parte de uma parceria com o governo para a educação através do desporto. A Alice, além de ser a melhor esposa e mãe do mundo, é ainda voluntária no Hospital Central de Maputo, onde desenvolve um projecto de apoio aos doentes do Serviço de Oncologia, providenciando-lhes actividades lúdicas, suplemento alimentar e acompanhamento espiritual. Tem um projecto de organizar uma escola dentro do hospital para as crianças que ficam privadas do ensino normal durante o internamente que pode durar entre 7 e 9 meses.
4. Qual tem sido a maior alegria da vossa vivência aí?
A maior alegria da nossa vivência aqui tem sido ver sorrisos nos rostos de quem ajudamos, ver a vontade de servir de alguns jovens cristãos que acompanhamos, e pensar que vale a pena ajudar os outros a terem esperança em Deus, que dará certamente a muitos aquilo que nunca terão durante as suas vidas.
5. E a maior luta?
A maior luta, penso que será a frustração de nem sempre conseguirmos fazer o que queremos e ajudarmos a todos, de nem sempre vermos resultados nalgumas pessoas, e particularmente de conseguirmos manter a nossa família incluindo as nossas filhas, animadas e contentes com aquilo que conseguimos ter e viver apesar das circunstâncias e distância a que estamos de Portugal e da família.
6. Como é que os adolescentes em Moçambique se divertem?
Os adolescentes em Moçambique divertem-se com o que têm. Aqui não há shoppings, playstations, internet ou TvCabo acessível a 90% dos adolescentes. Tirando o tempo que gastam a andar a pé para a escola ou em transportes muito precários, ainda têm de ajudar as famílias a buscar água e lenha. O pouco tempo que sobra é para jogar à bola na rua, ou infelizmente para entrar numa vida de consumo de álcool. Na cidade já existem alguns adolescentes com maior capacidade de compra, que pertencem a famílias mais abastadas, mas são apenas uma minoria.
7. Quais são as maiores diferenças entre a forma de vida cá e aí?
As diferenças são enormes, porque o dinheiro não chega para quase nada. Os salários rondam os 50 euros por mês, e uma família, com este valor, não pode fazer muito mais do que comprar arroz, farinha, óleo, algum frango de vez em quando, e pagar a muito custo os cadernos e lápis para a escola dos filhos. Os filhos não recebem “semanada”, pois o dinheiro mal dá para eles apanharem um transporte para a escola, pelo que muitos caminham mais de uma hora até à escola todos os dias. A maior parte não tem TV em casa, mas a maioria já tem electricidade.
8. Se pudessem dar um único conselho aos adolescentes de hoje, qual seria?
Penso que os jovens, a quem chamamos adolescentes, têm uma energia que podia ser aproveitada para coisas muito interessantes. Porque têm um futuro grande à frente, pensamos que seria muito útil que aproveitassem oportunidades para conhecer outras culturas e descobrissem como podem ajudar a mudar a sociedade. Vivemos numa época em que se dá muito valor ás coisas, onde nos classificamos por aquilo que temos e não por aquilo que somos. Os jovens deviam pensar que popularidade não é aquilo que conseguimos mostrar, ou a quantidade de amigos que conseguimos ter à nossa volta por causa daquilo que temos, mas por causa daquilo que somos. Os jovens adolescentes de Moçambique não têm nada, mesmo assim conseguem ser felizes. Aqueles que têm um relacionamento pessoal com Deus, não têm vergonha de testemunhar aos amigos a sua fé, e até posso dizer que são aqueles que mais amigos levam à igreja. A sua energia é canalizada para ajudar os outros a serem também felizes.
Para acompanharem esta família, passeiem pelo blog Crónicas de Moçambique.
4 comentários:
Este "post" merecia realmente um comentário a sério e profundo, mas não o vou fazer...
Prefiro antes dizer que é o primeiro "post" sem erros ortográficos da noite, segundo a minha mortal e falível análise my late night buddies
E aproveito para dizer que o Silas acordou e o Gabriel adormeceu...
Welcome back Silas!!!
Muito obrigada pela vossa pronta colaboração. Que o Senhor vos continue a dar esse amor bonito pelo povo moçambicano, força e alegria nEle. Um beijinho.
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