sábado, 13 de fevereiro de 2010

{filha pródiga}

Eu tive o privilégio de crescer num lar cristão e de ter sido aluna na E.B.Dominical e conhecer desde a infância que somente Deus Jeová é o Deus verdadeiro, Criador de tudo o que existe.
Também foi na infância que comecei a apresentar-me em frente da igreja para cantar e encenar teatros, ler poesias para o dia das mães e várias actividades. Sinto- me uma privilegiada, mas este sentimento só o tenho agora, pois na minha fase de adolescência não valorizei nada disto e pensava que vida cristã e as muitas ídas à Igreja eram uma grande seca. Lembro me de dizer às minhas amigas que ao retornar do acampamento de adolescentes iria deixar pra sempre de ir aos cultos e programações da igreja, pois já estava farta e foi mesmo isto que fiz. Minha mãe, com lágrimas nos olhos disse-me que não iria obrigar-me mas que um dia eu certamente iria arrepender-me desta decisão (ela tinha razão)!
Comecei a trabalhar e senti-me“dona do meu destino”.Abandonei meus amigos crentes e comecei a relacionar-me apenas com a malta da escola e para ser aceita no meio social deles alinhava em tudo aquilo para o qual eles me convidavam, pensando eu que, alinhando em tudo seria bem aceite por eles e faria muitos amigos. Mas a minha decepção veio mesmo aqui; nunca havia limites para os convites, nunca havia respeito, o que quero dizer é que gozavam com tudo e com todos. As propostas eram das piores, gozavam com pessoas deficientes físicas, zombavam com pessoas de cor, mentiras, muitas mentiras, nós humilhávamos uns aos outros quando alguém fracassava, causávamos confusões por onde passávamos e coisas que não faziam nenhum sentido, coisas que não acrescentavam nenhuma felicidade ou aprendizado. Isto, e pior do que isto, era o que a malta que eu julgava ser divertida e mais interessante do que meus antigos amigos,
fazia e me obrigavam a fazer. Sim, pois se um dia eu não alinhasse seria eu o alvo de deboche ou seria expulsa do grupo. Comecei a perceber ao longo do tempo que lá no fundo eu não era querida por ninguém, e que nós não éramos amigos, todos eram rivais uns dos outros e traição era o que mais acontecia no nosso meio. Se eu falhasse era humilhada(do tipo a ter meu nome “pixado” nos muros da vizinhança com dizeres sujos).
Para resumir tudo, pois é longa e triste a história, aprendi duas grandes lições: Aqueles que eu havia abandonado eram meus verdadeiros amigos, que se importavam comigo e me aceitavam como eu era. Não me escravizavam com suas regras e o ambiente da igreja era o mais saudável que alguma vez conheci. Também aprendi que valorizamos muito o que “parece” bom. Mas atenção! Só tem aparência de bom, igual ao fruto que Eva cobiçou no Jardim do Éden, depois de comermos vem a verdade ao de cima, era só aparência.
Meu conselho para ti é este: Muitas vezes a igreja parece com a grande arca de Noé (bicho de todo o jeito, cada um com seu barulho próprio) parece não ser confortável e bonito mas lembre- se que, lá fora está tudo inundado e cadáveres a boiar. Vida só tem quem está dentro desta Arca não saltes pra fora.
BEIJOKAS PRA TODOS QUE REMAM CONTRA A MARÉ.

3 comentários:

Anónimo disse...

E aqui está... a prova de que sou mortal e falível...

O que é "deboche"?

Noutros assuntos adorei a metáfora da arca de Noé... (momento de fraqueza)

Só para saberem eu devo ser o único que ainda vos liga para além de vocês próprias. Porque por aqui, já foi tudo e as raparigas já estão off desde o princípio da noite...

Rute Carla disse...

mentira... as meninas ficaram firmes até ao fim...

Rute Carla disse...

A da "arca" foi mt bem encaixada, sim senhora. Bigada pelo testemunho. Beijinho grande.